XXV Congresso de Vilar de Perdizes
Jorge LageUm quarto de século de “Congressos de Medicina Popular” (CMPVP) é muito tempo e o Padre Lourenço Fontes e os seus colaboradores estão de parabéns pelo que já se mexeu na nossa cultura popular e, até, numa coutada dum lobby. Depois, já há gente lusitana, seguidora dos químicos nos tratamentos, que respeita e alguns receitam (ou tomam) produtos naturais.
O meu suporte científico, quando duvido ou desconheço, é, em parte, no muito ilustre (pelo menos no mundo do professorado e internacionalmente) Prof. Jorge Paiva. Estou a falar do considerado e maior botânico português vivo. Será difícil, para nós, publicar um livro que não tenha referências a este grande “missionário” da Biodiversidade. O que ele diz sobre plantas é sempre comprovado cientificamente. Esta é a grande diferença de quem fala de orelha a favor ou contra o valor medicinal das espécies referenciadas pela Botânica.
Pelo Prof. Jorge Paiva fiquei a saber que o hipericão do Gerês é um falso hipericão e apenas faz bem aos nervos, não tendo benefícios para o fígado. E por um grande comerciante, que vive à sombra do chá de hipericão do Gerês, fiquei a saber que o mesmo não é do Gerês, sendo colhido entre Mirandela e o Planalto do Mogadouro.
Isto para dizer que nem tudo o que parece é. Mas os saberes antigos, pouco ou muito têm um fundo de verdade, muitas vezes, maior do que pensamos.
Voltando ao rego do CMPVP, em que tive a honra de participar no último dia (abriu a 01 e encerrou a 04SET2011) com a comunicação “As Maias usos e crenças”, deu para me aperceber que tem perdido fulgor. O Padre Fontes precisava alguém com energia e saber (de eventos) que o disciplinasse e o dividisse por temas.
O CMPVP tem que seguir a evolução natural e não ficar um pouco parado. A publicação das actas ou das conclusões em cada ano devia ser sempre uma grande preocupação.
Uma parte do “circo” montado à sua volta queixa-se de não fazer grande negócio, contudo, os produtos locais vendem bem. Por exemplo, saber o palpite de uma cartomante custava um mínimo de 25 euros. Se fosse mais modesto e baixasse para 10 euros era capaz de ter muita gente. Tudo tem o seu preço… Para o sucesso, em termos de gente bastava a “romaria galega”, principalmente no domingo (último dia).
A missa a que assisti foi dita com grande energia e sentido de fé.
O piquenique foi pouco concorrido, mas muito suculento e animado, num local fantástico. Depois, a Lurdes da organização do CMPVP e o Francisco e a esposa da comissão de festas da Senhora da Saúde foram duma atenção extrema comigo, fazendo-me sentir quase em casa. Por estes últimos fiquei a conhecer a “arena” oficial das chegas de bois do Barroso, colada ao recinto do Santuário e que é digna de ser vista. Também pude observar a rica e bonita capela do recinto. Por fim, o Francisco ainda me acompanhou nas minhas pesquisas sobre a castanha. Pelo meio ainda deu para saborearmos os licores e ver os chás da Isabel Pita.
Soube que a ASAE andou por lá a “atormentar” as almas e bem podia ter feito junto da organização prevenção pedagógica, para que, aos poucos, os pobres vendedores rurais se vão acomodando às leis cegas impostas pelos ricos de Bruxelas. Afinal, Bruxelas não as cumpre (nem ninguém, a não ser um aprendiz de Asterix, que agora se acapou da cena política) e por cá há uma paranóia, apostada em causar mais ruína no arruinado meio rural.
Será que este governo vai colocar essa gente em “carris” adequados à nossa pobreza ou vai fingir?…
Nova publicada en: NetBila
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